Ventajas de registrarse
SEFIT
Disponible

PL06 Desenvolvimento de novos fitoterápicos no Brasil: desafios e tendências. III Congreso Iberoamericano de Fitoterapia: tradición, ciencia y cooperación. Revista de Fitoterapia 2012; 12 (Sup. 1), 35

Aragão Craveiro, A
PL06 Desenvolvimento de novos fitoterápicos no Brasil: desafios e tendências. Afranio Aragão Craveiro Parque de Desenvolvimento Tecnológico, Bloco 310, Campus do Pici, Universidade Federal do Ceará, 60.440.593l, Fortaleza-CE, Brasil. O grande potencial da nossa biodiversidade como possível fonte de novos medicamentos é amplamente divulgado e alardeado, mas a grande realidade é que o surgimento de novos fitoterápicos no Brasil a partir de nossa flora nativa é irrisório e altamente decepcionante. No mundo existem 360 mil especies catalogadas e estima-se a existencia de 60 a 250 mil especies na nossa flora, das quais 55 mil já catalogadas. Um grande esforço foi feito no país no estudo destas plantas em termos de botanica, química e farmacologia, mas, apesar disto, um numero muito restrito de fitoterápicos foram lançados no mercado.As razões são várias e complexas, mas os nossos 40 anos de estudos de plantas medicinais brasileiras(1), desde da prospecção no campo até o desenvolvimento de fitoterápicos, indicam que os principais gargalos no setor são: a lei da biopirataria, extrativismo x cultivo, estigma e desconhecimento da classe médica, pressão dos alopáticos e multinacionais,, curandeiros e raizeiros, e ultimamente o CGEN. A lei de biopirataria, promulgada para coibir o contrabando de especimens da nossa fauna e flora, está tendo um efeito colateral indesejado que é dificultar ou até mesmo impedir o acesso á biodiversidade por nossos pesquisadores. Outra dificuldade inerente ao desenvolvimento de novos fitoterápicos se deve à dificuldade em domesticar e cultivar as espécies nativas, uma vez que o extrativismo apresenta muitas restrições. A não existencia de disciplinas de farmacognosia e/ou de plantas medicinais, em nossos cursos de medicina, contribuem fortemente para a ignorancia de nossos formandos médicos sobre o assunto. Alie-se a este fato à pressão das multinacionais dos medicamentos alopáticos, com a forte propaganda em cima da classe médica e dos consumidores, que enaltecem estes produtos e estigmatizam as plantas medicinais como medicina caseira ou de segunda categoria. Por outro lado a competição desigual com raizeiros e curandeiros, que vendem as suas meizinhas e garrafadas livremente, com o beneplá- cito e até mesmo estímulo das autoridades, inibem os produtores nacionais, que são obrigados a cumprir as rigorosas exigencias da RDC n.14 da ANVISA. Finalmente o CGEN com a legislação de proteção ao patrimonio genético, tem afastado até mesmo as grandes empresas brasileiras que vinham investindo no desenvolvimento de fitoterápicos. Ressalte-se que as reportagens recentemente divulgadas na televisão pelo Dr. Dráuzio Varella agrediram frontalmente todo o esforço feito pelos pesquisadores brasileiros sobre plantas medicinais. Alega referido médico que as plantas medicinais e os fito- terápicos não tem estudos suficientes para serem usados com segurança e eficácia e, como suporte da sua afirmativa, recorre ao número de citações no PubMed sobre extratos e fitoterápicos em estudos na fase III. Conclui afirmando que as nossas autoridades permitem a produção e comercialização destes produtos de forma irresponsável, classificando-os como medicina do pobre, ou seja de segunda categoria. Esta pretensa defesa do modêlo atual dos estudos que validam os medicamentos sintéticos, esconde uma realidade raramente divulgada: a iatrogenia. O estudo dos efeitos colaterais dos medicamentos alopáticos(2), mostram que as mortes causadas pelo uso dos mesmos chegou, em 2000, a 225 000 mortes por ano,e coloca a iatrogenia como terceira causa de morte nos Estados Unidos após a doença cardíaca e o cancer, e a uma grande distância da causa seguinte, a doença cerebrovascular. Conclui-se que estudos clínicos em Phase III não necessáriamente significam segurança, isto sem falar no numero crescente de medicamentos que estão sendo retirados do mercado, após todos estes estudos. Exigir os mesmos testes e fazer outras exigencias em cima de plantas que vem sendo usadas há decadas com segurança e eficácia é desnecessário e redundante. Apesar disto, continuam no Basil o estudo de plantas medicinais, assim como o desenvolvimento de novos fitoterápicos. O PADE- TEC e suas empresas desenvolvem, no momento, alguns fitoterápicos novos, que se encontram em fase de registro na ANVISA, dentre eles podemos citar: Spondias mombin e Eclipta alba. Como conclusão aos fatos acima descritos, a nossa opinião é exatamente oposta ao Dr. Varella, isto é o excesso e não a falta de regulamentação está inibindo o desenvolvimento de fitoterápicos no Brasil. referências: 1. Souza, M.P., Craveiro A.A. et al. (2004) Constituintes Químicos Ativos e Propriedades Biológicas de Plantas Medicinais Brasileiras. Ed. UFC, 2ª. Ed. 2. Steel K, Gertman PM, Crescenzi C, Anderson J. (1981). "Iatrogenic illness on a general medical service at a university hospital". N. Engl. J. Med. 304 (11): 638-42.